Uso de IA em The Alters gera polêmica entre jogadores e profissionais de localização

Descobertas revelam que The Alters utilizou IA em sua localização e outros elementos do jogo.

PRA RESUMIR
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Apesar de ter sido bem recebido pela crítica e pelo público, The Alters, recém-lançado para PC, PS5 e Xbox Series X/S, se viu envolto em polêmicas por um motivo inesperado: o uso não declarado de inteligência artificial no desenvolvimento de diversos aspectos do jogo.
Jogadores atentos descobriram evidências claras de que o título utilizou modelos de linguagem (LLMs) para gerar ícones de retrato, realizar parte da localização em idiomas estrangeiros e até criar textos de fundo. Em certos casos, é possível encontrar resquícios dos prompts usados nas ferramentas de IA, o que indica que esses conteúdos foram diretamente integrados ao jogo, muitas vezes sem edição ou revisão adequadas.
“Há textos rastreáveis no jogo nos quais ainda se pode ver as respostas cruas da IA, antes mesmo de surgirem os jargões científicos finais”, relatou um jogador. Outro apontou que a tradução para o português brasileiro contém erros e inconsistências, indícios de que o processo não teve a devida curadoria humana.
O ponto mais crítico está na falta de transparência. O estúdio 11 bit, responsável por The Alters, não declarou em nenhum momento o uso de IA em sua página oficial no Steam. Isso contraria as diretrizes da plataforma, que exigem que os desenvolvedores informem aos consumidores caso recursos de IA tenham sido utilizados na produção de conteúdo do jogo.
“A obrigação de indicar o uso de IA não é apenas um detalhe burocrático”, observou um usuário. “É uma garantia de que sabemos o que estamos comprando.”
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A questão ganhou ainda mais peso quando profissionais da indústria de localização começaram a se manifestar. Lucile Danilov, da Loc’d and Loaded, escreveu no LinkedIn que, embora admire o jogo, deixar partes de prompts de IA no produto final é vergonhoso. Ela considerou a situação um desrespeito à comunidade internacional, especialmente por se tratar de um título fortemente focado na narrativa.
“É inaceitável deixar isso passar em um jogo cuja história é o ponto central. Gerações de jogadores estão lendo traduções defeituosas por pura negligência”, destacou.
O tradutor de jogos Handong Ryu reforçou as críticas, revelando que a versão coreana de The Alters também apresenta falhas, e mostra sinais claros de que foi traduzida com LLMs sem uma revisão apropriada. Ele lamentou a repercussão negativa que a situação gerou na comunidade gamer da Coreia, ressaltando que certas partes afetadas estavam fora de seu alcance de atuação.
A revelação serve como alerta para uma discussão maior sobre ética, qualidade e transparência no uso de inteligência artificial no desenvolvimento de jogos. À medida que ferramentas de IA se tornam mais acessíveis, cresce também a responsabilidade dos estúdios em garantir que criatividade, cuidado e respeito ao público global não sejam substituídos por atalhos automáticos.
there's more damning evidence in-game, even, but it's all background stuff that you have to go out of your way for there's text crawls where you can still see the AI prompt responses before it produces a bunch of science jargon wild that they've dodged disclosures all things considered
— D (@vysetron.pixeldie.com) 23 de junho de 2025 às 14:18
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Marcos Paulo I. Oliveira
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