Mafia: The Old Country é feito de amor, juramento e escolhas em uma Sicília sublime

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Uma experiência única onde a história, a música e a jogabilidade se entrelaçam em um retrato vivo da Máfia.

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A Hangar 13 iniciou o conceito de The Old Country movida por uma paixão genuína pela Sicília — e essa paixão transborda em cada quadro. Como alguém que já percorreu o país várias vezes, escalou seu vulcão, explorou templos antigos, saboreou pizzas gigantes e se deixou encantar pela cultura local, posso afirmar: este jogo entrega um retrato fiel, belo e carregado de autenticidade para sustentar sua conhecida história de Máfia.

A Sicília e seu povo não são estáticos; eles evoluem ao longo dos anos em que a narrativa se desenrola. Talvez, mais do que qualquer personagem humano, a própria terra seja o maior e melhor personagem do jogo. Os desenvolvedores claramente fizeram sua lição de casa, absorvendo a essência da ilha em viagens e pesquisas, e o resultado é um mundo que respira e se transforma junto com a jornada de Enzo e sua entrada na família Torrisi.

Uma história de amor, poder e escolhas

Vestindo a pele de Enzo Favara, um jovem caruso que foi vendido pelo próprio pai a um minerador aos cinco anos de idade, somos lançados em uma história onde o destino se molda na dureza da vida e na doçura de sonhos proibidos. O acaso leva Enzo até o vinhedo de Don Torrisi e sua família — um lugar de trabalho árduo, mas também de encontros que mudam vidas.

É lá que ele conhece Isabella, a filha do Don. Uma conexão imediata nasce, mas o peso de sua baixa posição social mantém o amor à distância, como um vinho raro trancado a sete chaves. Determinado a provar seu valor, Enzo agarra cada chance de impressionar o Don, construindo alianças e conquistando respeito — passo a passo, sonhando com o dia em que seu caminho e o de Isabella possam se cruzar sem barreiras.

Mas essa estrada é pavimentada com sombras. Ao tentar proteger seus amigos e seguir os códigos que aprendeu, Enzo inevitavelmente é arrastado para o lado mais sombrio da história da Sicília, tornando-se parte daquilo que sempre rondou suas margens — a Máfia.

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A narrativa, ainda que linear, carrega uma força dramática que prende, mesmo que veteranos do gênero consigam prever o rumo. E, no fundo, isso não importa: a força está nos personagens, nas cenas de ação, nos laços testados, no duelo entre amor e dever.

O melhor de tudo é que não é preciso conhecer nada dos jogos anteriores para se encantar. Os novatos mergulham de cabeça, enquanto os veteranos encontram rostos, lugares e nomes familiares espalhados como pequenos brindes escondidos. Cutscenes impecáveis, atuações afiadas e uma trilha sonora que sabe a hora de acalmar e a hora de pulsar elevam o jogo a um novo patamar, marcando Mafia: The Old Country como um capítulo memorável da série.

Os sons da velha Sicília

Logo nos primeiros instantes em Mafia: The Old Country, antes mesmo de empunhar uma arma ou trocar uma palavra, algo se destaca e prende sua atenção: o som. Desde o menu principal até as primeiras horas de jogo, fica claro que a qualidade do áudio e da música foi tratada com um cuidado quase artesanal.

Assim que os créditos iniciais começam a rolar, somos recebidos com uma introdução digna de uma grande série de TV, envolta em uma trilha sonora deslumbrante. E a partir dali, cada passo por terras sicilianas ganha companhia: melodias que acariciam, aquecem e, quando preciso, inflamam o coração.

Do tema principal marcante, que já carrega o peso e a elegância da narrativa, aos arranjos épicos de combate e cavalgada, passando por músicas de viagem luxuosas que parecem pintar o horizonte com notas, a trilha se torna um personagem vivo. Ela não apenas acompanha — ela guia, respira e sente junto com você.

No fim, Mafia: The Old Country não é apenas visto ou jogado; ele é também ouvido e sentido, tornando sua jornada pela Sicília uma experiência que ecoa muito além da tela.

Absolute cinema

Se Mafia: Definitive Edition já havia mostrado um vislumbre do que as cutscenes poderiam alcançar, The Old Country eleva esse padrão a um nível quase cinematográfico. Aqui, cada cena é tratada como uma obra de arte visual, com um cuidado que transforma até as interações mais simples em momentos memoráveis.

Das pequenas disputas e esquemas sorrateiros para ganhar dinheiro até os grandes confrontos e reuniões carregadas de tensão, cada corte de câmera, cada iluminação e cada movimento são meticulosamente pensados. As expressões faciais capturam nuances emocionais com uma precisão quase desconcertante, revelando não apenas o que o personagem diz, mas o que sente.

É possível notar cada fibra do tecido nas roupas, o brilho do suor em um momento de nervosismo, o olhar calculista antes de uma decisão. Tudo isso constrói não só uma estética elegante, mas uma sensação de imersão que faz você esquecer que está diante de um jogo. The Old Country é, visualmente, um desfile de pessoas elegantemente vestidas em um mundo que transpira estilo e autenticidade.

A Sicília em The Old Country não é apenas cenário — é um personagem à parte, tratado com um cuidado que transparece em cada detalhe. Templos imponentes, cidades mineiras cheias de vida, vinhedos banhados pelo sol, igrejas históricas e inúmeros outros lugares compõem um retrato rico e autêntico da ilha no início dos anos 1900, revelando como a Máfia e o povo estão profundamente enraizados em sua cultura e história.

Cada detalhe em Mafia: The Old Country foi cuidadosamente esculpido — carros, cavalos, armas, roupas, prédios e personagens exibem um nível de riqueza visual que encanta os olhos de quem ama o mundo aberto. Para os fãs da exploração livre, o jogo permite que você possa desfrutar de um modo onde você pode se perder pelo cenário no seu próprio ritmo, coletando itens perdidos e curtindo um passeio tranquilo pelo campo, longe dos enredos complexos.

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Esse passeio pelo mundo não se torna entediante ou repetitivo. Com a recente invenção do automóvel e os corcéis familiares, você tem total controle para se deslocar por toda a Sicília, com uma variedade enorme de modelos de carros, raças de cavalos e opções de personalização — desde pinturas para veículos até acessórios para seu fiel companheiro de quatro patas. São tantas opções que sua carteira vai sentir o peso da escolha... mas o melhor de tudo é que você pode até acariciar seu cavalo, um detalhe simples que traz vida e conexão à jornada.

E falando em personalização, o próprio Enzo é uma tela em branco para você pintar do seu jeito. Conforme a história avança, trajes variados, penteados, barbas, chapéus e muito mais vão sendo desbloqueados. De camisas com suspensórios a coletes, ternos completos e chapéus estilosos. As possibilidades para criar seu Enzo ideal são vastas, permitindo que você viva a história de um jeito só seu.

Nem tudo é tão belo no antigo mundo

A iluminação e os modelos de cenário são de um realismo impressionante, mas, no Xbox Series S, algumas texturas deixam a desejar, surgindo em baixa resolução. Não é algo que comprometa a experiência, mas chama atenção, especialmente porque já vimos outros jogos deslumbrantes no mesmo console com menos problemas desse tipo.

Mesmo após o patch de lançamento, há pequenas inconsistências em cutscenes, especialmente em closes ou quando personagens estão muito próximos da câmera. Em um momento específico, o jogo chegou a travar e me levar de volta à dashboard do Xbox, possivelmente por uma sobrecarga na cena. Felizmente, ao reiniciar, o problema não se repetiu.

Apesar disso, a performance se mantém sólida em 30fps durante toda a jornada. Existe um modo para desativar a sincronização vertical, mas ele pode causar screen tearing — e, nesse caso, é melhor optar pela estabilidade do que por uma taxa de quadros oscilante. Mesmo com essas pequenas falhas técnicas, o brilho e o peso da experiência permanecem intactos, entregando uma aventura que ainda impressiona do início ao fim.

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Prazer em jogar

Em termos de jogabilidade, The Old Country mostra que não se apoia apenas na narrativa para brilhar. Comparado a Mafia: Definitive Edition, há melhorias claras e perceptíveis. O tiroteio está mais fluido e impactante do que nunca, com cada disparo transmitindo peso e precisão. Cobrir-se atrás de objetos e pular obstáculos agora é mais ágil e responsivo, enquanto a variedade de armas impressiona — com novas adições sendo desbloqueadas ao longo dos anos retratados na história. Seja dirigindo carros ou cavalgando por campos abertos, a sensação é natural e o som é tão rico que chega a transportar o jogador para dentro da cena.

A mecânica furtiva também foi bem trabalhada. Existe um detalhe curioso: quedas sem luvas exigem mais esforço, sendo necessário pressionar botões de forma mais intensa para concluí-las. Mas há sempre a alternativa de eliminar silenciosamente com uma faca, evitando o esforço — embora isso reduza a durabilidade da lâmina. Essa durabilidade também se perde ao arrombar fechaduras ou realizar eliminações furtivas, tornando a arma “cega”. Felizmente, é possível restaurá-la com uma pedra de amolar, devolvendo seu fio e letalidade. Para completar, o jogo permite criar distrações jogando garrafas ou até uma moeda, acrescentando mais possibilidades para quem prefere agir nas sombras.

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O combate corpo a corpo é outra carta na manga de The Old Country, trazendo uma boa variedade de animações e finalizações para quem prefere a letalidade da lâmina. No submundo siciliano, não há espaço para brigas de punhos limpos — aqui, a faca é rainha, e cada golpe carrega o peso da sobrevivência.

Em momentos-chave da história, o jogo presenteia o jogador com duelos de facas contra inimigos notáveis. Apesar de parecerem estranhos nas prévias, na prática eles se mostram cinematográficos, divertidos e perfeitamente dosados para não quebrar o ritmo da narrativa. Esses confrontos não são apenas um espetáculo visual; exigem tática e precisão, pedindo do jogador esquivas, defesas, bloqueios, quebras de guarda, ataques indefensáveis e muito mais.

Essas habilidades não surgem do nada: são ensinadas por um mentor que toma Enzo sob sua tutela, moldando-o não apenas como um lutador, mas como alguém preparado para sobreviver no jogo de poder que é a Máfia. Sem exagero, a luta de facas se torna um dos grandes destaques da experiência, somando peso e intensidade à jornada.

Considerações finais

Para encerrar, Mafia: The Old Country é uma experiência simplesmente sublime que conquistou meu coração logo de cara. Independentemente da sua familiaridade com a franquia, o jogo funciona simultaneamente como uma prequela, uma sequência e um título independente, conseguindo o equilíbrio perfeito entre esses três papéis.

Com o maior investimento em produção já visto na série, é notório que a Hangar 13 claramente não poupou esforços para contar essa história profunda da Sicília. Então, se esse é o padrão para um jogo considerado “menor” pela desenvolvedora, fico na expectativa e empolgado para saber o que vão preparar para o futuro da franquia.

castel nota 08

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Marcos Paulo I. Oliveira
MPIlhaOliveira
Web Designer, apaixonado por tecnologia e gamer orgulhoso de acompanhar todas as gerações e seus grandes títulos.
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