Julgamento de ex-executivos da Ubisoft expõe casos graves de assédio

Ex-líderes da Ubisoft são condenados por assédio e agressão sexual após julgamento adiado desde março.

PRA RESUMIR
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O julgamento de Serge Hascoët, ex-diretor criativo (CCO) da Ubisoft, de Thomas François, ex-vice-presidente de serviços editoriais e criativos, e de Guillaume Patrux, ex-designer de jogos, teve início previsto para março, mas acabou sendo adiado para junho a pedido dos advogados, que solicitaram mais tempo para analisar os documentos do processo.
As acusações contra os três foram resultado de denúncias internas feitas por funcionários e amplamente divulgadas por veículos como Le Monde e Libération. Entre os casos mais alarmantes, François foi denunciado por assédio sexual e moral sistemático, com comportamentos como assistir pornografia no ambiente de trabalho, fazer comentários depreciativos sobre funcionárias, promover humilhações públicas, e até uma tentativa de agressão sexual durante uma festa de fim de ano, quando teria tentado beijar à força uma colega, enquanto ela era segurada por outros funcionários.
Conforme o Libération, François foi considerado culpado e sentenciado a três anos de prisão suspensa e a pagar uma multa de € 30.000 (cerca de US$ 35.290).
Já Hascoët, que tinha sob sua responsabilidade toda a linha editorial de jogos da Ubisoft, enfrentou acusações de conduta indecente, comentários sexuais intrusivos, e comportamentos racistas, como questionar uma funcionária muçulmana se ela apoiava o Estado Islâmico e alterar sua área de trabalho com imagens de bacon durante o Ramadã. A sentença foi de 18 meses de prisão suspensa e uma multa de € 45.000 (aproximadamente US$ 52.930).
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Guillaume Patrux, conhecido por seu trabalho em títulos como The Crew e Grow Home, foi condenado por assédio psicológico, incluindo intimidação e comportamento agressivo. Ele recebeu uma sentença de 12 meses de prisão suspensa e uma multa de € 10.000 (em torno de US$ 11.760).
A saída de Hascoët da empresa ocorreu em julho de 2020, logo após a repercussão das denúncias. François também deixou a Ubisoft em agosto do mesmo ano.
O CEO da empresa, Yves Guillemot, chegou a comentar sobre o caso em um evento em 2022, dizendo:
"Sim, tropeçamos e reconhecemos isso. Aprendemos muito ao longo do caminho. E fizemos progressos significativos com planos de ação concretos."
Contudo, a resposta da empresa não agradou a todos. O grupo A Better Ubisoft, formado por atuais e ex-funcionários, alegou na mesma semana que suas denúncias continuam sendo ignoradas, e que abusadores foram apenas transferidos ou promovidos, com membros do RH que encobriram denúncias ainda atuando na empresa.
Em resposta, a Ubisoft divulgou um comunicado ao portal GamesIndustry.biz, no qual afirma ter tomado várias medidas para melhorar o ambiente interno, incluindo:
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Pesquisas internas globais,
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Reuniões com grupos de funcionários e lideranças locais e internacionais,
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Participação ativa de líderes de ERG (Employee Resource Groups) nos diálogos com a diretoria,
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E a inclusão de três representantes dos funcionários no Conselho de Administração.
A empresa reiterou o compromisso em ouvir suas equipes e construir um ambiente mais seguro e justo, ainda que as críticas internas mostrem que há um longo caminho a ser percorrido.
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Marcos Paulo I. Oliveira
MPIlhaOliveira
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