Deepest Trench é um mergulho em potencial desperdiçado

A promessa de uma aventura subaquática em Deepest Trench dá lugar a frustrações com controles, design simples e uma experiência que afunda mais do que mergulha.
Deepest Trench me pegou inicialmente pela proposta: uma jornada nas profundezas do oceano, repleta de tensão, mistério e reencontros marcados por um passado não resolvido. No comando de Rob, um veterano aparentemente aposentado, somos convidados a voltar ao trabalho por conta de sua experiência incomparável, e logo reencontramos Maria, designada para a mesma missão, uma figura de seu passado com quem divide não apenas memórias, mas agora, uma missão mortal.
Tudo soa promissor: dois antigos amantes, um ambiente hostil e um mistério para desvendar juntos. Mas basta um mergulho mais fundo para perceber que essa experiência rapidamente se torna claustrofóbica – e não de forma intencional.
À primeira vista, Deepest Trench parece querer oferecer uma mescla de sobrevivência, cooperação e tensão submersa. Porém, o que deveria ser imersivo se transforma em uma luta constante contra controles desajeitados, combates injustos e quebra-cabeças sem alma.
O sistema de movimentação é um dos maiores sabotadores do jogo. Tudo parece travado, impreciso e, por vezes, até aleatório. Sei que estamos falando de uma ambientação submarina, onde a resistência da água é um fator, mas isso não justifica a lentidão extrema e falta de responsividade, ainda mais quando somos pressionados por ameaças.
Falando em ameaças: os tubarões são mais que predadores, são sentenças de morte ambulantes. Você mal tem tempo de reagir – ao tentar girar o personagem para usar a arma de arpão, o inimigo já está sobre você. E tudo o que você ouve é um batimento cardíaco abafado, como um aviso tardio de que seu fim chegou. Não há espaço para estratégia. A sensação é de punição, não desafio. A cada morte, a frustração se acumula, criando um ciclo desgastante de tentativa e erro que raramente recompensa.
Quando o jogo tenta ser enigmático oferecendo quebra-cabeças, a situação não melhora. Eles são rasos, desconexos e mal construídos. Você não sente que está resolvendo enigmas, mas sim girando peças aleatórias até que algo funcione. Falta lógica, falta recompensa, falta propósito. No meio do caminho você encontra documentos e arquivos de áudio para completar a história, mas nada profundo.
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Visualmente o jogo é bastante comum, até para os dias de hoje. Modelos simples, texturas sem sensação de relevo e animações que remetem aos jogos da sexta geração. Me sinto, inclusive, como se estivesse emulando um jogo de PlayStation 2 com maior resolução e efeitos de luz melhorados.
Ainda sobre os gráficos, é curioso o preset de configurações no menu de opções. No Xbox Series S o jogo aparentemente roda em resolução 3840 x 2160 - vulgo 4K - a 60fps. Bom, pelo menos aqui ele cumpre o que a geração inteira dizia alcançar desde 2020 (risos!). Além disso, tem opções de tela inteira, janela e nível de qualidade, algo sem qualquer sentido em um jogo para consoles. Para fazer justiça, as cutscenes, mesmo que simplórias, são bacanas.
No quesito sonoro, o jogo é frio e sem vida. Efeitos genéricos, trilha sonora sem inspiração com loops curtos e dublagem que soa apática. Em um jogo que se passa a quilômetros de profundidade, era esperado que o som fosse um aliado da imersão, mas aqui ele é só mais um peso na mochila.
Para afundar ainda mais a experiência, fiquem sabendo que o jogo não possui legendas em português brasileiro. É, hoje em dia podemos dizer que isso é inaceitável, até mesmo para um jogo de pequeno porte. E talvez isso possa te afastar ainda mais dessa aventura.
O que mais senti em Deepest Trench é perceber o quanto ele poderia ter sido incrível. A ideia de uma missão pessoal e emocional nas profundezas do oceano é, sim, forte. Mas tudo se perde em uma execução desleixada. Com controles melhores, quebra-cabeças bem pensados e um equilíbrio justo no combate, talvez hoje estivéssemos falando de um pequeno clássico cult. Mas não é o caso.
Sou um jogador a favor de pequenos desenvolvedores e acho que hoje em dia, são os estúdios que mais entregam solidez e qualidade sem os erros brutais dos grandes estúdios. Mas nesse caso, infelizmente, Deepest Trench não ajuda e não se ajuda.
Deepest Trench é um mergulho em potencial desperdiçado. E quando você sobe à superfície sabe que não precisará mais voltar às profundezes do oceano e passar por tudo aquilo de novo.


Este conteúdo foi possível graças a chave cedida pelo portal Patobah!
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Marcos Paulo I. Oliveira
MPIlhaOliveira
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