Metal Gear Rising: Revengeance — A dança do parry e o meme do destino

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Metal Gear Rising é um jogo que envelheceu como vinho e virou ícone cultural.

Tudo começa com uma missão aparentemente simples.

Raiden é um ciborgue de elite, um soldado aprimorado até os ossos (ou melhor, os fios), trabalhando para uma organização de segurança privada. Ele está encarregado de proteger um primeiro-ministro em um país devastado pela guerra, onde a política é apenas um pano de fundo para interesses muito mais sombrios.

Mas, rapidamente, tudo desanda.

Uma força paramilitar maligna surge do caos, armada até os dentes e com uma filosofia distorcida: lucro através da guerra. Eles não estão ali por ideologia — estão ali porque conflito gera dinheiro, e quanto mais sofrimento, mais combustível para sua máquina bélica e corporativa. É nesse cenário que Raiden se reconstrói. Literalmente. E emocionalmente.

O que talvez torne essa experiência ainda mais única é que, até hoje, esse foi o único Metal Gear que joguei. Nunca passei pelos jogos principais, nunca vesti o papel do Snake, nunca encarei o stealth que definiu a franquia. E, mesmo assim, Rising me acolheu. Funcionou perfeitamente sozinho. Não precisei de nada além dele para entender que eu estava diante de algo especial.

Graficamente, Metal Gear Rising envelheceu como vinho. A direção de arte, estilizada e ousada, escapa do realismo datado de muitos contemporâneos e entrega algo que ainda é bonito de ver hoje. A trilha sonora é visceral — não apenas acompanha o ritmo: ela conduz a experiência. Cada chefe, cada luta, cada momento marcante é impulsionado por riffs de guitarra que aceleram o sangue.

Mas o que define Rising, o que realmente o separa, é a gameplay.

Aqui, o parry é rei. Ele não é apenas um botão de defesa: é um sistema inteiro de combate. O jogo te treina aos poucos, quase sem perceber. A curva de aprendizado é justa, mas exigente. E então, chega um momento — um chefe — onde tudo o que você aprendeu é posto à prova. A partir dali, o combate vira uma dança, um duelo de reflexos e timing. Um balé cibernético, embebido em metal e fúria.

É fácil ver a influência de Rising em jogos que viriam depois: Sekiro, Lies of P, Wo Long... todos devem algo a esse precursor estiloso que colocou o parry no centro do palco.

O mais genial? Ele faz tudo isso dentro de um universo que não era dele.

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metal gear rising revengeance a danca do parry e o meme do destino 4

Metal Gear sempre foi sinônimo de stealth, de narrativa densa, de conspirações. E Rising simplesmente vira tudo de cabeça pra baixo, sem quebrar a lógica interna. É uma explosão de liberdade criativa que ainda respeita a franquia. Ele joga fora as regras, mas honra o espírito.

E falando em espírito... tem algo a mais.

Raiden sempre foi um personagem controverso. Quando apareceu pela primeira vez em Metal Gear Solid 2, ele foi alvo de críticas duras. Os fãs queriam Snake, não um novato de cabelo branco e jeito introspectivo. Durante anos, ele carregou esse estigma. Rising foi sua redenção. Um renascimento. Aqui, Raiden é puro carisma, pura fúria, puro estilo. Um herói que finalmente encontrou seu lugar.

E talvez nenhum outro elemento represente tão bem o impacto cultural de Rising quanto... os memes.

Dentro do jogo, os memes são explorados como ferramenta filosófica: ideias que se espalham, moldam opiniões, justificam guerras. E, anos depois, irônica e genialmente, o próprio jogo é redescoberto através... dos memes. Frases como "Nanomachines, son", trilhas como Rules of Nature e cenas bizarras viralizaram nas redes sociais, fazendo uma nova geração descobrir Rising não por marketing tradicional, mas por cultura digital espontânea.

E o melhor? Quando essa galera finalmente jogou, descobriu que, por trás das piadas, estava um jogo absolutamente sensacional.

Hoje, Metal Gear Rising está mais acessível do que nunca.

Na Steam, vive aparecendo em promoções, com um preço simbólico. É um jogo leve, roda tranquilo até em PCs mais modestos. E, para quem joga nos consoles, ele está disponível no Xbox Series e Xbox One via retrocompatibilidade com o Xbox 360.

Ou seja: não tem desculpa.

metal gear rising revengeance a danca do parry e o meme do destino 4

Mas sabe... por mais que eu queira seguir falando, contar sobre cada chefe, cada cena insana, cada trilha que arrepia — prefiro parar por aqui.

Porque Metal Gear Rising: Revengeance é o tipo de jogo que merece ser vivido sem spoilers. Ele é uma obra que revela mais quanto menos você espera.

Quero que quem for jogar pela primeira vez descubra, por conta própria, o carisma dos chefes, as bizarrices geniais da IA, os dilemas filosóficos jogados no meio de espadadas e explosões. Que sinta o impacto de cada duelo e, principalmente... que conheça o grandioso boss final: o imortal, o inquebrável, o completamente insano Senador Armstrong.

E aí, sim, talvez essa pessoa entenda por que esse jogo nunca saiu da minha cabeça. E por que, mesmo anos depois, ele ainda vive — e corta — tão fundo.

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Lucas Ramires
Nashi

PC Gamer CLT que só quer jogar em paz.

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